terça-feira, 1 de novembro de 2011

Manifesto Pau no Cú (parte X)

Já curtia o cheiro das vaginas
(porque ainda eram vagininhas)
A matéria bruta ainda em estado de ser
nos meus dedos e sonhava com o
agridoce sabor dessas maçãs
(porque ainda eram proibidinhas)
sílabas do pecado e palavras de danação
No paraíso de minha adolescência
que, Adão
costela quebrada fui expulso pra a terradulta
de conquistas onerosas
compromissos lexicais
coisa da sociedade sintática hipócrita
Pois sempre havia uma gordinha afim de dar
frases cheias de volúpia
De graça
Diferente das putas
Que eram questão de status
Mostrar que eu não ia me formar
mas ganhava minhas trinta moedas
funcionário público concursado iscariótes!
Corda pra me enforcar
à criança, a mirra, o incenso e o ouro
ao homem, látego, cardo, cruz
E foi isso: não o deixaram ser poeta
O transformaram em pateta
em rei
em Deus
e era apenas um grande profeta
da poesia
Da prosa veio o profeta após
Hégira

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