terça-feira, 17 de setembro de 2013

Impressões sobre Sampa, a quarta dimensão, a estranheza dos novos tempos e um estalo.

[Esse desenho é uma reprodução que fiz as pressas  de uma imagem refletida por fortes lâmpadas nos arranha-céus de Sampa no dia da Virada Cultural de 2013.(se alguém souber de quem era a intervenção,comuniquem para devidos créditos)]

Contextualizando, rimo na esquerda, rimo na direita, a coisa certa é que tem que ser feita.
O evento rolando e São Paulo se mostrando:
Uma paz estranha, Um lazer vigiado, jogado no Centro, os "bonde" levando celular, carteira. Diversidade, alegria, cultura, e esse símbolo.

3 São Paulos do Passado, distintamente Revolucionárias, se fundiam com a real em alucinações e situações ao decorrer da noite.
A de Dumont passava sobre minha cabeça. Pagu, Matarazzos e os de Andrade brincavam com Peri, no jardim do Theatro Municipal. Da revolução esquecida e da chuva terrificante sobre a população, que se refletia nos para-brisas das Blazers cor de Coral e morria na opacidade e incongruência dos camisas cinzas nas ruas;
A Constitucionalista, que se bem sucedida nos transformaria numa Suíça Tropical, que gritava com sua arquitetura e ecoava nos granitos negros, cerceada pelo governo rico e duvidoso de Getúlio. E no banheiro do Mercado Municipal, estranhamente parecido com uma câmara de gás, um fantasma fala de experiências esquecidas e mostra o espírito higienista que tomou conta da capital paulista no Estado Novo, cheia de nazistas, fascistas e mafiosos exilados em seu território, avessa à quantidade de refugiados nordestinos dispostos a tudo por uma vida menos seca;
E a da Constituinte, na exatidão sem nexo do fim dos anos 80, fervilhada de cidadãos e operários com consciência social, mas com a massa atordoada com o retorno da democracia, catatônica, atônita, apática, empurrada, condicionada e anestesiada pela injeção platinada diária de alienação, invadindo as retinas e tomando a consciência, ditando a educação de um povo órfão de líderes que ia se misturando e se confundindo,  se repetindo na São Paulo real e atual diante de meus olhos, nos palcos, Sidney Magal cantando, os gêneros se confundindo. Essa São Paulo, da época que nasci ia se mostrando nos prédios dos Bancos, na miséria dos pedintes,no metrô.

E como nas três São paulo do passado vamos sendo bombardeados, vítimasdo descaso, e usados como massa de manobra
E na soma das três com a atual, o funk psicodélico rolando e, de repente, nada disso.
A realidade foi imaginada e explodida em alguma lata atrás da praça Júlio Prestes.Na mente de alguém.
E depois sumiu na força coerciva do estado. Nas revoltas, que levaram milhões as ruas, mas como joguetes, mais uma vez. No descaso com a sua própria história, revolucionária, na constante alienação de sua população, que sobrevive, que mostra e tem muito amor. Amor que floresce fluorescente em SP.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

#54

Inquietude.
A manhã que se inicia.

Mais um dia que começa com uma nostalgia de um passado inexistente.
Ainda és o perpetuum mobile da minha produção literária.
Intrigante.
Nunca me respondes.

Me doem as marcas de amores, me doem as vistas, cansadas de lágrimas.
Esses amores.
Intensos, furiosos, calorosos, acolhedores, violentos, quentes, múltiplos.
Paixões d'alma.
Tu.
Vós.
Minha voz, sem retorno.
E meu coração, que sempre acha um espaço pra colocar mais alguém.

Amores.
Temores.
A morte.
O que há em mim que desperta o extremo nos outros?

O Mestre disse: "ou frio, ou quente, o morno me dá náusea"
Não sei, não sei.

Procurar caminhos pra vida, quando só se importa o caminho, é uma aventura interessante.
Isso foi presente teu. Presente teu, ensinar que o mundo não é só meu.
Sem isso seria mais um fascistinha burguês, machinho escroto.

Inquietude.
A manhã que se inicia.

Caralho, tenho que ir trabalhar!